2 de junho de 2010

Sr. G. diz:


As quatro ou cinco mortes de João Botelho: João Botelho tentou se matar, ainda criança, pulando no rio de sua cidade, e não teve sucesso. Daí em diante foi ribanceira abaixo: cresceu e se transformou num cara legal, trabalhador e desenhista. Um dia enfiou seu lápis na garganta e desabou, abatido, o rosto sobre o papel em sua mesa: o sucesso que tanto sonhava: exposições com sua aquarela e a alcunha de prodígio das artes metalinguísticas. Numa destas galerias, enquanto bebericava seu champagne, conheceria sua terceira namorada, a quem apelidaria, não sem carinho, de Nut. Com Nut teria a oportunidade de conhecer a paixão desenfreada, a dor da traição, uma boa dose de chumbinho e, talvez, Paola, que lhe encontraria perdido numa noite de lamentos e exortações. Paola roubaria sua carteira e racharia seu crânio com o salto de sua tamanca gasta. Agonizando na calçada, João Botelho não teria a oportunidade de conhecer sua verdadeira e autêntica morte ao sair cambaleante do velório de sua segunda mulher, atravessar a rua e ser atingido por um caminhão desgovernado.


Um comentário:

Matheus Misson Pereira Soares disse...

Qual a finalidade do Blog, e quais são os projetos mais para frente ?

Ass.: Matheus Misson.